América e Babilônia
- Norman R Gulley
- 2 de jun. de 2018
- 5 min de leitura

A “falsa trindade” é composta por Satanás (o dragão) e dois poderes terrestres que, juntos, trarão perseguição ao povo de Deus. Um desses poderes, a besta do mar (Ap 13:1-10), é descrito como uma combinação de um leopardo, um urso e um leão (Ap 13:2) – imagens retiradas diretamente de Daniel 7:4 a 6. Em Daniel 7, após a ascensão de Babilônia (leão), Média-Pérsia (urso) e Grécia (leopardo), surge o último poder terrestre, Roma. Esse império começou com Roma pagã e depois se transformou em Roma papal, o poder do chifre pequeno de Daniel 7:7-8,19-21,23-25, que surgiu diretamente do quarto animal. Vimos também que muitas características de Roma papal, retratadas nesses versos de Daniel 7, reaparecem na besta do mar de Apocalipse 13:1-10. Por isso, estudiosos da Bíblia têm visto Roma como um dos principais antagonistas no contexto do tempo do fim, descrito em Apocalipse 13.
No entanto, Roma não está sozinha. Outro poder é representado. Apocalipse 13 nos apresenta os eventos e os poderes dessas bestas. O que esses eventos significam e como podemos estar preparados para eles?
Ferida Mortal Curada
Embora Deus tenha fiéis em todas as igrejas, a Escritura aponta uma função específica desempenhada por essa instituição ao longo da história e que também será cumprida nos eventos finais.
Durante séculos, a igreja romana foi a principal religião e, em muitos aspectos, o centro político do mundo ocidental. Um exemplo expressivo de seu poder é visto na história do santo imperador romano Henrique IV que, irritando o papa Gregório VII, foi ao castelo dele para fazer as pazes. Ali, no inverno gelado, o imperador romano foi obrigado a esperar durante três dias, em um tribunal externo, antes que o papa lhe concedesse entrada. Gregório VII, exaltado com seu triunfo, vangloriou-se de que era seu dever abater o orgulho dos reis.
No entanto, mediante a influência da Reforma, do Iluminismo e da Revolução Francesa, a hegemonia política e religiosa de Roma foi destruída no final do século XVIII. Um dos papas, Pio VI, foi levado cativo pelo exército francês em 1.798 e morreu exilado em 1.799.
Apocalipse 13, no entanto, fala de um ressurgimento, da cura de sua “ferida mortal”. Embora Roma não tenha hoje o poder político que exerceu nos dias de Gregório VII, graças à popularidade dos novos papas, é uma força influente, tanto religiosa quanto politicamente (por exemplo, o discurso do Papa Francisco, em 2015, foi a primeira ocasião na história em que um papa discursou tanto no senado quanto no congresso americano). De acordo com a profecia, essa influência se intensificará cada vez mais.
Estados Unidos na profecia
As pessoas têm perguntado, e compreensivelmente, o seguinte: Como Roma poderia ter hoje ou no futuro a influência retratada em Apocalipse 13? A época em que Roma podia comandar exércitos, como nos tempos passados, já se foi há muito tempo. A resposta também se encontra em Apocalipse 13.
A primeira besta, há muito tempo vista pelos protestantes como sendo Roma, foi retratada como tendo recebido poder por quarenta e dois meses (Ap 13:5). Os quarenta e dois meses correspondem a “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” de Daniel 7:25, ou três anos e meio (Ap 12:14) ou ainda 1.260 dias proféticos (Ap 12:6) – o tempo durante o qual o poder papal oprimiu seus oponentes. Esse período profético (usando o princípio do dia/ano) começou com a supremacia do papado, em 538 d.C., e terminou em 1.798, ano em que o papa foi levado em cativeiro. Nesse momento, o poder papal recebeu sua ferida mortal, e a profecia foi cumprida.
Aproximadamente nesse momento da história, próximo ao fim dos “quarenta e dois meses” (1.798), apareceu outro poder (Ap 13:1,11), dessa vez surgindo da terra, em contraste com muitos poderes anteriores que surgiram da água (ver Daniel 7:2,3), um símbolo de multidões de pessoas. “As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17:15).
Por essas e outras razões, esse poder deve ser os Estados Unidos da América, que surgiu em uma parte relativamente desabitada do mundo e que não precisou derrubar nenhum império importante para fazer isso.
“Que nação do Novo Mundo se achava ascendendo ao poder em 1.798, apresentando indícios de força e grandeza, e atraindo a atenção do mundo? A aplicação do símbolo não admite dúvidas. Uma nação, e apenas uma, satisfaz às especificações dessa profecia; essa aponta insofismavelmente para os Estados Unidos da América do Norte” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 440).
Embora esse poder seja descrito pela primeira vez como tendo dois chifres como de cordeiro, simbolizando bondade, ele falará como “como dragão” (Ap 13:11), indicando um tempo de perseguição, assim como ocorreu sob o domínio do poder anterior. Apocalipse 13:11 a 17, então responde à pergunta sobre como Roma poderia voltar a exercer a influência predita pela profecia. Ela terá o apoio dos Estados Unidos.
Uma questão de adoração
Ao longo de toda a história sagrada, o Senhor constantemente teve que lidar com aqueles que caíram na idolatria e em outras formas de adoração falsa (ver Mt 4:8-10). Na crise final, retratada em Apocalipse 13, a questão da adoração surgirá novamente. O povo de Deus também terá que escolher a quem adorará e servirá (ver Js 24:15).
No livro de Daniel conta a história de três rapazes hebreus que foram ordenados a adorar “a imagem de ouro” (Dn 3:5). Também vimos como Apocalipse 13 utiliza a linguagem desse capítulo para descrever a perseguição que o povo de Deus enfrentará no fim dos tempos. Ou seja, podemos entender o que ocorreu em Daniel 3 como um prenúncio do que ocorrerá nos últimos dias, conforme descrito no contexto imediato dos poderes da besta em Apocalipse 13. Todos foram ordenados a adorar a imagem de ouro, ou seriam mortos na fornalha de fogo ardente. Semelhantemente em Apocalipse 13, quem não adorar a imagem da besta será morto (Ap 13:15).
Babilônia sempre foi a capital da falsa adoração. A Torre de Babel é um testemunho do desejo de seus construtores de, assim como Lúcifer, subir “acima das mais altas nuvens” e ser “semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14), bem como uma evidência de seus esforços para se salvar em caso de dilúvio global. Portanto, eles se recusaram a acreditar na promessa de Deus de que Ele jamais traria outro dilúvio sobre a Terra (Gn 9:8-11).
O Império neobabilônico também exaltou a obra das mãos humanas. Nabucodonosor louvou a “Grande Babilônia” que ele havia construído (Dn 4:30). Posteriormente, o rei Beltessazar tomou os cálices de ouro do templo de Salomão para dar um banquete, e “beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra” (Dn 5:4). Observe que os verdadeiros recipientes do templo estavam cheios de vinho intoxicante e amorteciam a sensibilidade de todos os que bebiam deles. Como resultado, muitos na cidade morreram quando Babilônia caiu. Uma aparência exterior da verdade pode nos enganar, disfarçando o mortal “vinho da Babilônia”. O que prevalece no reino de Satanás é a falsa adoração e as falsas ideias.

































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